Contexto Histórico
Anteriormente, o feminicídio era tratado como uma qualificadora do crime de homicídio, introduzido pela Lei nº 13.104/2015. A nova legislação de combate à violência de gênero avança substancialmente ao criar um tipo penal específico e autônomo, elevando a complexidade e a gravidade do tratamento jurídico dado a esse crime de feminicídio.
Principais Alterações Legislativas
Definição de Feminicídio
O novo artigo 121A do Código Penal define feminicídio como o assassinato de mulher por razões de gênero, caracterizado pelo menosprezo ou discriminação à condição feminina. Diferentemente do homicídio comum, este crime de violência contra a mulher possui especificidades que o tornam um tipo penal único.
Aspectos Penais
1. Pena Ampliada para Feminicídio: Estabelecimento de pena de 20 a 40 anos, configurando-se como o primeiro tipo penal autônomo no Brasil com limite máximo de 40 anos em casos de violência de gênero.
2. Agravamento de Penas Correlatas:
- Lesão corporal em contexto de violência doméstica: reclusão de 2 a 5 anos
- Crimes contra a honra (calúnia, difamação, injúria): pena dobrada quando cometidos em contexto de violência doméstica ou por misoginia
- Crime de ameaça: pena dobrada em casos de violência contra a mulher
Consequências Adicionais
- Perda de função pública, cargo ou mandato eletivo para condenados por feminicídio
- Proibição de nomeação para cargos públicos durante o cumprimento da pena em crimes de violência de gênero
- Progressão de regime mais rigorosa:
- 55% da pena cumprida para progressão em casos de feminicídio
- 70% em caso de reincidência específica
- Vedação de livramento condicional
- Monitoramento eletrônico obrigatório em saídas temporárias para condenados por violência contra a mulher
Aspectos Processuais
A lei de feminicídio possui efeito prospectivo, sendo aplicável apenas para crimes cometidos a partir de 9 de outubro de 2024, em respeito ao princípio da não retroatividade penal mais gravosa.
Desafios e Implicações
Embora represente um avanço legislativo significativo no combate à violência de gênero, a lei enfrenta o desafio de combater estruturas sociais profundamente enraizadas de violência contra a mulher. A efetividade dependerá não apenas da letra da lei de feminicídio, mas da sua aplicação consistente e de mudanças culturais mais amplas.
Conclusão
A Lei 14.994/2024 configura-se como um importante instrumento de política criminal de combate à violência de gênero, sinalizando o compromisso do Estado brasileiro em proteger as mulheres. Mais do que punir, a legislação de feminicídio busca prevenir, proteger e conscientizar, representando um passo fundamental na construção de uma sociedade mais igualitária e segura.]
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